O Arco
A historia dos instrumentos da família das cordas friccionadas, é marcada por crescentes mudanças e evoluções, tanto no que se diz em aspectos físicos, quanto também em aspectos sociais, técnicos e culturais. Um grande exemplo disso é o fato de que antes de se tornar o instrumento mais conhecido desta família, o violino era um instrumento comumente associado a mendigos e pobres, só após o contato de reis e nobres com este fabuloso instrumento, que pode então ser considerado instrumento fino e da realeza, lógico que estes fatos se deram muito antes do período barroco, no inicio da criação deste instrumento, este instrumento sempre esteve em constante mudança, como vimos no artigo que fiz sobre violinos barrocos, houveram mudanças significativas nas medidas, nas cordas, nas peças, e principalmente nos arcos.
E então, proponho que falemos um pouco sobre este componente importante da família das cordas friccionadas, “o arco”. Esta pequena ferramenta desempenha um papel importantíssimo na execução dos instrumentos, todos eles são friccionados por estes objetos, que recebem de alguns aficionados atenção mais que especial, tanto nos instrumentos barrocos como também nos modernos, houve muitas experiências no que tange a estas “varetas mágicas”.
Já os chineses e os árabes utilizavam arcos para tocar seus instrumentos, assim percebemos que a idéia de utilizar algo que não fosse os dedos parar tocar ou ferir as cordas, são mais longínquas do que se pensa superficialmente.
Falemos um pouco sobre a historia dos arcos de violino (que é um assunto que posso falar com propriedade), no período barroco, era de costume todos os artesãos construírem arcos para seus instrumentos, então a especialidade de fazer arcos como se tem hoje, se deu após a era de ouro italiana da luteria, esses profissionais de hoje são chamados de Archetaios (italiano), archetier (francês), e arqueteiro (português), são profissionais que se dedicam especialmente à feitura desses fabulosos instrumentos, como existe a grande tradição de Cremona Itália ser a mãe áurea da lutheria, também se tem a tradição que a cidade de Mirencourt (França) é a mãe áurea da arqueteria, se tem grandes artesãos na França, os mais famosos e reconhecidos no que se diz em desenvolvimento e pesquisas de arco. Os mais famosos e mais excelentes artesãos são os franceses Fraçois Tourte (1747 – 1835), que trabalhou com grandes violinistas para o aperfeiçoamento dos arcos, sobre tudo como o virtuose italiano Giovanni Batista Viotti (1755-1824), foi Tourte quem mudou os princípios do arco barroco, que tinha sua curva côncava e não funcionava bem para determinadas técnicas, mas a pedido de Viotti, mudou a curva para convexa, e logo após se mudou o tamanho do arco a pedido do grande Paganini, e assim se chegou ao que hoje conhecemos, é claro que é uma explicação bem rápida, pois neste progresso, se fizeram os arcos que chamamos de transição. Este mesmo Tourte descobriu que uma de nossas madeiras mais nobres era a mais interessante para se fazer arcos, o Pau-Brasil, mais precisamente da espécie Pernambuco, por ter suas fibras peculiares, e boa resistência e elasticidade, passou a ser utilizado como a madeira de melhor desempenho para os arcos, e assim é ate hoje.
varios modelos de arcos
Os arcos barrocos, tem como os violinos também, diferentes medidas e formatos, existem inúmeros formatos, cada um feito de acordo com o que o seu dono pretendia tocar, sendo assim os mais famosos modelos foram os Vivaldi e Tartini, respeitando as exigências de seus respectivos donos, a madeira que era comumente utilizada era o Pau-cobra, uma madeira de aparência maravilhosa, com desenhos que lembram como diz seu nome a pele de uma serpente, tem uma beleza inigualável, e em arcos barrocos funciona muito bem, os talões eram feitos da própria madeira ou então de ébano ou cifres, se utilizava como hoje crina animal para as cerdas, e também se rechinava as cerdas antes de se tocar.
Com o avançar da técnica e a necessidade dos violinistas de terem arcos que produzissem mais sons, e ajudassem na execução do instrumento, como já mencionamos, foram desenvolvidas varia teorias, e feitos muitos modelos, uma pesquisa muito interessante de se fazer alias.
Existem artigos sobre um arco que o próprio Stradivari havia feito, e na oficina de Niccolo Amati, também se fazia os arcos.
O mais interessante de toda a historia é que com a evolução da técnica de construção dos arcos, os luthiers também se viram obrigados a mudar muitos recursos doa instrumentos, e hoje se tem uma vastidão de modelos de arco, com o mesmo tamanho que se tornou padrão para cara instrumento, sendo os mais famosos, os de Sartori, Peccati, Tourte e Villaume.
François Tourte
Espero ter ajudado
Grande abraço a todos.
Rudson di Cavalcanti
3 comentários:
Una conoscenza buonissima dai archi! Perfetto!
Adorei o post!
muito obrigado a todos
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