Luteria no Brasil
A arte de construir instrumentos de cordas friccionadas tem uma tradição muito antiga, existem indícios de instrumentos de arco na china e no oriente médio, mais o ápice da historia da arte de construção desses instrumentos se deu na Europa dos séculos XVI – XVIII, na Itália e na França da renascença houveram muitos construtores de instrumentos de arco que hoje chamamos de “instrumentos Barrocos”, mas o cume desta subida em busca da perfeição só foi encontrado no século XVIII na cidade de Cremona - Itália, onde os artesãos buscavam não apenas o aprimoramento do instrumento funcional, mas sim também a perfeição sonora dos mesmos, os mestres liutaios cremonenses criaram uma escola de construção muito funcinal, que até hoje não foi superada, abriram as portas dos laboratórios para aprendizes, ensinaram seus filhos, fazendo de Cremona um reduto de artesãos renomados, famílias inteiras se dedicaram a arte de construção de instrumentos de arco, de lá surgiram artistas renomados como os das famílias Amati, Guarneri, e Stradivari.
Na França, Alemanha e Tirol, a tradição era parecida, mas não obteve resultados tão concretos como os de Cremona, que ate hoje é o pólo desta arte no mundo.
No Brasil também houve bons construtores de instrumentos de arco, desde o império onde o imperador D. Pedro II era admirador da arte, e tinha bons instrumentos, tais como cravos e violinos em sua coleção.
Mais indo ao que interessa, tivemos uma vasta gama de liutaios no Brasil, alguns conseguiram chegar a carreiras internacionalmente plausíveis, o Rio de Janeiro do inicio do deste século haviam liutaios bem conceituados, muitos deles trabalharam na Europa, fizeram carreiras dentro do país, vou citar alguns nomes dos conceituados liutaios do Brasil, Guido Pascoali, Gustav Jansen, Enrico Zottolo, Vicenzo Lo Turco, Luciano Rolla, Ciro Herreira (este ainda vivo, mantem a tradição), entre outros mais.
Nesse aspecto o Rio de Janeiro foi a cidade mais prospera ate a metade do século XX, mais depois da morte de artesãos como Lo Turco e Pascoali, a arte carioca foi perdendo seu estimulo, hoje o Rio tem muitos luthiers de categoria, mais o numero era muito maior no inicio do Século. Esta medalha hoje em dia esta com a cidade de São Paulo, que conta com inúmeros profissionais gabaritados na área, e que fazem juz ao nome “artesão” pois a arte da luteria em São Paulo vem crescendo a cada dia, conta com muitos profissionais que estudaram fora do país e até receberam prêmios internacionais com seus instrumentos, São Paulo hoje não é somente o pólo da musica erudita no Brasil, mas também é o pólo da arte da construção de instrumentos.
Outra cidade muito interessante é a cidade de Tatuí que conta com um curso de construção que foi idealizado pelo maestro liutaio Enzo Bertelli, já tem formado inúmeros luthiers que se espalharam pelas Américas.
O Espírito Santo também entra para o hall de estado vasto em luteria, a pequena cidade de João Neiva, por exemplo, tem na minha opinião a melhor escola de luteria do país, e tem desenvolvido um trabalho extremamente brilhante com seus alunos, trazendo de fora professores e abrindo margem para a crescente produção de ótimos instrumentos, em João Neiva eu destaco três grandes liutaios Vinicius Fachenetti, Paulo Mouta e Gedson Bravin.
O Brasil tem com certeza o maior numero de luthiers da América do Sul, talvez devido a ser um país de grande território, nas Minas Gerais também existem bons liutaios, em Belo Horizonte se destacam Carlos Jorge de Oliveira, Correia, e Karl.
Em Brasília temos Tullio Lima.
Se fossemos ficar falando sobre os atuais luthiers teríamos espaço pra muitos assuntos nessa matéria, mas voltando ao meio do século XX, em São Paulo tínhamos uma vasta classe de profissionais da área, talvez foi a parte mais produtiva do século XX, tínhamos aqui mestres como Bevenutti, Enzo Berteli, ate Guido Pascoali teve seu atelier em São Paulo, e outros luthiers bons que ficaram no anonimato, nos anos 80 se refez mais uma vez a ascensão da lutheria Brasileira em São Paulo, tínhamos aqui grandes artesãos dos quais citarei os que mais admiro, João Cruz (que logo se mudou para NY), João Rossi (chamado Stradivarius do Ipiranga), Mario Agrejo ( que na verdade ainda é um grande colecionador e formulador de vernizes), Jayme Landin (restaurador), entre muitos outros.
Os anos 90 foi produtivo tbm, iniciou-se uma nova faze na luteria brasileira, podemos citar que entre os anos 90 e os dias de hoje, houve uma grande preocupação com pesquisas e um grande crescimento de construção, os luthiers começaram a sair do país para poder aperfeiçoar sua arte, dos anos 90 pra cá eu estimo um crescimento de 70 % no numero de profissionais sérios do Brasil, e para encerrar a matéria vou citar uma lista, de amigos que são grandes artistas em minha opinião.
Rudson Di Cavalcanti (SP), Saulo Dantas Barreto (SP), Nilton Camargo (RJ), Paulo Mouta (ES-CE), Gedson Bravim (ES), Fabio Vanini (SP), Rafael Sando (SP), Paulo Tavares (SP), Ciro Herreira (SP), Francisco Silva (archetaio-SP), Jayme Landim (restaurador SP), Luigi Bertelli (sp), João Cruz (SP), Carlos Jorge de Oliveira (BH), Alessandro Baggio (RP), Leandro Mombach (PR), Tullio Lima (DF), Luiz Amorim (Curitiba), Ivan Labussiere(SP), Paulo Parlagrecco(SP).
Rudson Di Cavalcanti.
Um comentário:
Hoje assisti um documentário chamado Memória em Pedaços - Ipiranga, que mostra depoimentos de João Rossi, o luthier que você citou em seu texto.
Postar um comentário