quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Innesto



A palavra italiana INNESTO, tem tradução no idioma português como enxerto, mas na luteria designasse innesto a substituição do braço de um violino, por outro novo, sempre mantendo a voluta e a caixa de cravelhas do original.
São vários os motivos para se utilizar dessa técnica de restauração, mas sempre se deve levar em consideração que o melhor para o instrumento é se manter na sua forma original, ou seja, só fazer intervenções sejam quais forem se for necessário.

O innesto é uma pratica bem comum, violinos como os de Stradivari e Guarnerius em sua grande maioria não tem mais os braços originais, pois foram feitos em um período da historia da luteria onde se faziam braços mais curtos, grossos e com angulo baixo. Nos violinos desse período a angulação do braço era feita no espelho, o que dava ao instrumento menos tensão e resultava em um timbre mais "suave" e menos potente e enérgico. Com o passar do tempo os violinistas e liutaios perceberam que precisavam de mais potencia nos instrumentos e que se elevassem a altura do espelho tensionando o braço teriam maior projeção e potencia também, isso se deve porque na era barroca, os músicos tocavam em pequenas salas de palácios ou em cômodos para os reis, e com o passar do tempo e a invenção das salas de concerto, os instrumentos tradicionais da época, que hoje chamamos de barrocos passaram a nao atender as necessidades que as salas novas tinham, ou seja, salas maiores com instrumentos feitos para soar em ambientes pequenos resultavam em muito mais esforço para os musicos.

Conta a lenda que o grande Paganini pediu ao mestre francês Jean Baptiste Viullaume para fazer um innesto em seu violino e que depois do trabalho feito o resultado foi tão perfeito, que o próprio Paganini passou a dizer que aumentar o comprimento do braço era fundamental.

Mas para chegar na sonoridade que temos hoje, o violino barroco passou por varias modificações, você pode ler isso em meu artigo sobre violino barroco feito em 2009.

É certo que essa mudança ligada à invenção das cordas de metal (aço, prata, etc.), mudaram os rumos da luteria, colocando um divisor extremamente importante entre o que chamamos de luteria moderna e luteria barroca.